Inimiga do algoritmo?
Sobre sair do instagram; o peso da escrita; coragem; autopermissão; origens; fotografia, e outras coisas. Aquela miscelânea costumeira.
Nota da autora: essa edição simboliza um rito de passagem pra mim. Desde que comecei a escrevê-la, tanta coisa já se deslocou internamente. Desejo que caminhe comigo até o final. Tá boa de refletir e repensar; ouvir música boa e, por último, mas não menos importante: ver umas coisas bonitas. Vamos começar?
“Coragem às vezes é estar em uma sala e ser a única pessoa a dizer:
— Quer saber? Eu não acredito nisso." (Viola Davis)“Mas quem sou eu para escrever? (Betina González)
"Caramba, vai fazer um ano", pensei em silêncio. Um ano do último vídeo na rede que se tornou (mais) uma rede de vídeo. "Inimiga do algoritmo, eu?".
Flerto com a ideia de me retirar do Instagram há meses. Faltava somente decidir e bancar, de uma vez, essa escolha. Entendendo que, bem, não passa de uma escolha. E ela teria consequências. Fui ficando, me arrastando, me acomodando, mas resistindo, da maneira que pude, nem totalmente ausente, nem totalmente presente. Mas ali. Aquela coisa "meio do caminho", sabe como é? Me propus a estar ali, como possível, para continuar me fazendo vista de alguma maneira…
Confesso que não me dei conta da passagem do tempo, mas sei exatamente o tamanho da minha carga mental, dos devaneios e conversas que cultivei em pensamento a respeito. “E se eu me retirasse, de uma vez, por um tempo?".
Reconhecia no corpo o incômodo, a inquietação e, por vezes, a culpa por não me permitir ser e estar inteira.
Então decidi ir. Não reduzir. Não restringir. Sair. Desinstalei o aplicativo do celular, para interromper o comportamento automático de uso, e me comprometi a não pensar em publicar conteúdo naquela rede por, pelo menos, 30 dias. “Dramática”, “exagerada”, “8 ou 80”, me chame como quiser, mas essa história de ter parcimônia quando o assunto é mudança não é muito eficiente pra mim.
Quer outro exemplo? Quando descobri minhas alergias alimentares, achei mais fácil cortar completamente o consumo do que dosar a quantidade. Também prefiro treinar todos os dias do que só 3 vezes na semana simplesmente porque é mais fácil de sustentar o hábito de ir. Quando estudava para concursos, preferia estudar de domingo a domingo, ainda que por 1 hora, do que descansar todo o final de semana. Eu me sentia de ressaca na retomada das segundas-feiras.
Na minha vida, essa dinâmica vale para um tanto de coisas. Assumi que sou uma pessoa tudo ou nada. Funciono bem em contraste.
Contudo não me aceitava. Sempre achei bonito quem leva a vida na valsa e sabe dosá-la meticulosamente. Consegue se envolver aos poucos, ir tomando fôlego, sentindo a temperatura antes de mergulhar. Parecem saber controlar precisamente o ritmo antes do embalo. Eu, por outro lado, dou uns saltos, tenho rompantes. Me jogo de peito aberto, a toda velocidade, enquanto sinto a adrenalina se espalhando pelo meu corpo. O que pode acontecer de eu me distrair e dar com a cara no chão. Mas essa sou eu, e tô aprendendo a ver beleza nisso.
Tenho entendido melhor algumas características minhas, próprias, graças à terapia e a uma longa e recente investigação que revelou em mim o que dizem ser uma dupla-excepcionalidade. (Oi, neurodivergência. Tem sido um processo esclarecedor e complexo, na mesma medida, é o que vale pontuar e que você precisa saber daqui.)
Voltando ao Instagram.
Decidi fazer isso primeiramente porque eu queria, e, em segundo lugar, por uma razão simples, eu quero experienciar esse espaço vazio e descobrir como vou ocupá-lo. Permitir que venham à superfície partes minhas que foram (auto)censuradas.
É impressionante a capacidade que o “scroll infinito” tem de roubar o nosso tempo, por mera distração. Percebi que na falta de estímulos dopaminérgicos - advindos especificamente do Instagram até a semana passada -, passei a buscá-los noutros lugares, mais interessantes e perenes. Desde então ouvi música com presença (atividade com fim em si mesma, não como pano de fundo), escrevi, organizei a casa, os armários, pesquisei referências noutros sites e no Youtube, conheci artistas, assisti clipes, ouvi entrevistas, li, conversei diretamente com pessoas queridas, encontrei outras, fiquei à toa… até comecei a atualizar o meu site (depois de 1 ano, finalmente!).
Eu tô falando de restringir para ampliar. Voltar a me comunicar sem limite de caracteres. A exercitar ideias sem me preocupar com um formato adequado.
O meu objetivo é dar vazão a ideias e arejar os cômodos do meu cotidiano.
"Os buracos nas estantes, que, então, não eram uma dica de decoração, eram como se arejassem a vida da gente. (...) Sem aflição excessiva pela falta de respostas satisfatórias, seria interessante percorrer com alegria o emaranhado de caminhos pelos quais a gente delimita os buracos na nossa estante. (...) Deveríamos todos percorrer com alegria, na nossa cultura e no nosso pensamento, caminhos que não precisam ir a lugar nenhum" (Contardo Calligaris)
Decidi trilhar caminhos que, talvez, não me levem a lugar algum.
“Mas quem sou eu para escrever? (…)
A desconfiança da própria escrita, da importância dos seus temas, a certeza de que nada nunca será suficiente (...) Eu me pergunto se essa – nas sombras, ensimesmada, duvidando o tempo todo do próprio valor – é a única forma de escrevermos.” (Betina Gonzalez)
Tô naquele momento da vida onde a gente entende que o caminho é menos sobre "me tornar uma melhor versão", diferente de quem sou, e mais sobre "me tornar quem eu sempre deveria ter sido". Menos aperfeiçoamento, mais aceitação.
Eu tô resgatando partes de mim muito específicas. E entendi que é ligeiramente mais difícil fazer isso quando sou a minha principal antagonista. Eu cansei de sê-la. Quero jogar no meu próprio time, ser a minha maior incentivadora. Apoiar os meus desejos e ideias mais ousados, sem constrangimento por sonhar grande demais.
Sempre que penso a respeito disso, lembro da Viola Davis e da pergunta que seu terapeuta a fez e ela generosamente compartilhou, algo mais ou menos assim, se não me falha a memória: “Você seria capaz de se amar, ainda que nada mudasse?", “caso quem você é, e cada pedaço da sua história permaneçam como estão, você seria capaz de se amar?”. (Puts, essa pergunta me dilacerou).
Era 2022. Naquele momento, concluí que ainda não era capaz de tal feito. Não sem antes melhorar uma coisa e outra. Não sem antes ressignificar pedaços do meu passado e da minha trajetória. Na minha perspectiva, ainda havia taanto a mudar e aperfeiçoar para ser digna e merecedora desse amor-próprio.
"Ter coragem é pertencer a si mesmo. A coragem, às vezes, é entender que pertencer a si mesmo e ser verdadeiro consigo é mais importante que se encaixar na multidão." (Viola Davis)
E o que coragem, amor-próprio e pertencimento tem a ver com estar ou não no Instagram? É que escrever legendas pensadas para tão somente caber naquela página, seja por palavras, seja por imagem, tornou-se um ato pessoal de covardia.
A rejeição do que mais importa: pertencer a mim.
Por isso, pausa. Não por algoritmo, alcance, ou uma suposta imposição de “estar na rede para se fazer vista”. Me retirei para desnudar-me, olhar de frente para páginas em branco pelo tempo que for necessário para estar em contato com o que preciso. Pelo tempo que for necessário para que eu abrace a minha criação e me reconheça como uma mulher que é sensível e artística. Alguém que vê e percebe o mundo à seu próprio modo, por vezes de maneira intensa, dolorosa e profunda, mas que deseja viver uma vida pujante, que fomente essa expressão da maneira que for.
“Embora ser empurrado de volta para si mesmo seja um assunto desconfortável na melhor das hipóteses, mais ou menos como tentar cruzar uma fronteira com credenciais emprestadas, parece-me agora a única condição necessária para o início do verdadeiro autorrespeito.” (Joan Didion)
De tudo o que faço, escrever e compartilhar é, de longe, o mais desconfortável. Não pelo ato de escrever em si, mas pelas memórias e cicatrizes que carrego da infância, marcados em toda a minha história. Decidi que eu não quero nem preciso carregar mais nada disso. Essa edição é esse marco pra mim. Tô passando uma linha.
Daqui em diante, a única coisa que espero de mim é continuar criando, documentando, escrevendo. Textos bons ou ruins. Pequenos ou grandes. Profundos ou amenos. Em palavra ou fotografia. Em música ou livro. Experiência ou epifania. Explorar. Errar. Me divertir, me conectar. E compartilhar tudo isso com a esperança de que te inspire de alguma maneira a ir adiante com suas ideias, também.
Sem precisar ir a lugar algum, pois escrever é simplesmente inevitável.
“É isso que significa ser artista: você tem que trazer a dor. Nós temos que levar tudo o que somos. Se não nos conectarmos com isso… quer saber?
Se eu estiver na plateia, não vou me conectar com você.” (Viola Davis)
Mas quem sou eu para escrever?
Sou a Beatriz. Hoje eu quero falar sobre as minhas origens.
Sou nordestina, nasci em Fortaleza, no Ceará, no berço de uma família com raízes no Jacarecanga e na região do Cariri. Sou filha de uma família matriarcal, que possui no sangue mulheres fortes, que carregam no corpo, nas escolhas e na memória as marcas e as dores de suas trajetórias. Todas elas me trouxeram até aqui.
Sou também filha de um pai artista, que é músico, escritor, compositor, poeta, dos mais sensíveis que já conheci. Deu o seu jeito de ter essas coisas presentes ao longo de toda a vida, mas trabalhou como bancário até aposentar. Ele não teve a chance de trilhar profissionalmente um caminho onde a criação e a expressão tivessem em foco (e pagou um preço alto, com a saúde, por isso). Este, aliás, é o meu maior assombro.
Nunca contei esse ângulo da minha história. Mas para trilhar o caminho de volta, para pertencer a mim, preciso fazê-lo.
Pela dor e por amor, fui ensinada que, para ser alguém na vida, estudar era o único caminho. Afinal gente como eu, vindo de onde vim, sem nome ou sobrenome, sem ter onde se apoiar, ou gente com quem contar, deve estudar.
Somente assim teria a chance de adquirir conhecimento e respeito, e conseguiria ir um pouco mais adiante do que as gerações anteriores foram. Seria a continuidade natural de uma narrativa. O passo seguinte. Estudar e prestar concurso se apresentava como a única via, o jeito de conseguir ampliar as próprias possibilidades.
Cedo assimilei, pelas conversas que ouvia, pelos exemplos que possuía, e pelos caminhos postos, que não poderia me dar o luxo de seguir outro, que abraçasse qualquer coisa relacionada à arte, criatividade… essas coisas bonitas. Não como trabalho. Empreender? De jeito nenhum. Com arte? Piorou. "Não teria onde cair morta". Muito instável, muito incerto, muito improvável. Internalizei tanto, que sequer cogitei esse rumo. Não chegou a ser um embate dentro de casa. Escrevia bem, então fui fazer Direito. "Gente como eu estuda e faz concurso público."
Dediquei a vida acadêmica e escolar ao único caminho viável para “não depender de ninguém” e ter um pouco de sossego e segurança na vida. A possibilidade de estudar, integralmente, já era privilégio imenso, coisa que eles não puderam fazer. O meu rumo, contudo, foi um tanto diferente do esperado, como você já sabe.
A vida tem as suas ironias e desbundes. O seu jeito de costurar os desenhos que nos são próprios. A tal filha dos servidores públicos, menina "cheia das invenções" e "vontades próprias", com sonhos imensos e espalhafatosos que "tirou não sabem de onde" ousou trilhar outro caminho. Aquele mais incerto, instável, improvável. Não se conformou em dar continuidade às possibilidades de vida vivida e conhecida até ali.
Precisava tentar. Não sem a dor de uma desconhecida travessia. Não sem reconhecer todos os infindáveis privilégios que carrego, mas sem ter vergonha de nenhum pedaço da minha história, tomada pelo medo de estar fazendo a maior burrada da minha vida... eu precisava tentar. Com a ansiedade, as dúvidas e os questionamentos que seguem comigo até hoje – e com o passar do tempo só mudaram de nome.
Até este momento, não havia me dado conta da força e do peso de nada disso.
É uma sensação curiosa essa de fazer uma escolha por simples capricho (um grandíssimo privilégio, de novo, eu sei). Simplesmente ir adiante, escolher virar uma esquina. Fechar o computador. Abrir um livro. Escrever. Fotografar. Sair do Instagram.
Consigo perceber o quão longe eu já vim… mas é comum sentir que “ainda tô no começo", com um senso de não pertencimento a um espaço que me foi proibido por anos, nas entrelinhas. O frio na barriga de quem, por vezes, não crê na própria condição. Será que passa? Essa sensação? Uma realidade muito diferente da esperada, orientada. O sentir constrangido de quem pegou um desvio.
Este caminho agora é, sim, o meu. Esse texto é a minha autopermissão.
É o que eu preciso fazer agora. Por contrariedade. Por desejo. Por desvio. Por capricho. Por autorrespeito. Por vontade. Por amor. Amor-próprio.
“Seu drama não era o drama do peso, mas da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser.” (Milan Kundera)
“Atribuir às cartas sem resposta seu peso adequado, nos libertar das expectativas dos outros, nos devolver a nós mesmos — aí está o grande, o poder singular do autorrespeito.
Sem ele, a pessoa acaba descobrindo a volta final do parafuso: foge para se encontrar, e não encontra ninguém em casa”. (Joan Didion)
Com embrulho no estômago, e o coração palpitante, me encontrei em casa.
Até a próxima!
Beatriz.
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MAIS UMA CITAÇÃO…
“O senhor me pergunta se seus versos são bons. E pergunta a mim. Antes já perguntou isso a outros. Envia-os a revistas. Compara-os com outros poemas e se aflige quando certas redações rejeitam as tentativas. Bem (já que me autorizou a aconselhá-lo), peço-lhe que desista dessas coisas. Está olhando para fora de si, e é justamente isso que não deveria fazer agora.
Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém.
Só há uma única maneira. Volte-se para si. Examine as razões que o impelem a escrever; observe se elas estendem raízes no ponto mais profundo de sua alma; confesse a si mesmo se acabaria morrendo caso fosse impedido de escrever. E sobretudo isto: pergunte se no momento mais silencioso da noite — Tenho necessidade de escrever?Escave bem fundo em si mesmo em busca da resposta. E, se ela for afirmativa, se o senhor reagir a essa questão séria com um forte e simples "tenho", então adeque a vida de acordo com essa necessidade; sua vida tem de se tornar, até mesmo nos momentos mais indiferentes e insignificantes, um sinal e um testemunho desse ímpeto.” (Rainer Maria Rilke)
P.S.: substitua “escrever” por qualquer outra forma de expressão sua, e o conselho seguirá válido. É um caminho inevitável?
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AGORA EM VÍDEO :)
Sobre permissão, caminhos criativos, projetos significativos... eu volto nesse TED de tempos em tempos e para esta news ele casou perfeitamente bem.
“There is no path… until you walk it”(Ethan Hawke).
MIXTAPE
London Grammar é uma banda britânica que adoro. Esta versão de “Lord It's a Feeling” com orquestra é UAU. Bonito demais. Precisava compartilhar. O relato dela sobre a composição da música conversa diretamente com o assunto do dia:
"Lord It's a Feeling” era essencialmente um poema falado para começar, era muito simples e também a música mais difícil de acertar porque é incomum, essa música significa muito para mim e me senti muito vulnerável ao fazê-la (...), mas a recompensa é maior, porque se você faz algo que outras pessoas ouvem e se conectam, é como se você realmente tivesse feito algo por outra pessoa, em vez de apenas escrever para si mesmo." (Hannah Reid)
P.S.: eu amo que essa orquestra é majoritariamente feminina - incluindo a maestro.
LIFE LATELY
Fotografias criadas por mim numa visita despretensiosa à casa de Chu Ming Silveira, uma construção datada da década de 70 (foi ela quem inventou a icônica cabine de telefone público brasileira, o conhecido orelhão, sabia? Tem uma no jardim de casa).
Fotografia é arte e me reconectar com ela este ano tem me feito bastante feliz.
P.S. A mulher da foto é a Shel Nascimento, amiga que tenho o prazer de partilhar interesses e a companhia para ir lá fora viver a cidade. Dessa vez foram filosofadas, exposição de arte, arquitetura e café. Saíram esses registros despretensiosos. Não era trabalho, mas achei tão bonito. Expressivo mesmo. Como ouvimos de uma pessoa, “isso que é foto com alma". A beleza desse resultado reside no fato de que ele fala tanto de mim e do meu olhar, quanto da Shel, que o protagonizou!
Você pode conferir de maneira ampliada no meu site www.biabrito.com/galeria.
OUTROS LINKS DA EDIÇÃO
Sobre Autorrespeito. Joan Didion. Link abaixo:
https://www.vogue.com/article/joan-didion-self-respect-essay-1961A entrevista da Viola com o Bial, das citações sobre coragem. Link abaixo:
https://globoplay.globo.com/v/10963439/O livro de Contardo Calligaris. Link abaixo:
https://www.amazon.com.br/Sentido-Vida-Contardo-Calligaris/dp/8542221532O livro de Rilke. Link abaixo:
https://a.co/d/h6gsw4s
Acredito que são diversas as maneiras de se expressar, ocupar nossos espaços e a nossa maneira de estar no mundo. Trabalho com a concepção narrativa e visual de projetos criativos, atuando da concepção à materialização do todo. Para saber mais, acesse https://biabrito.com/services/ ou manda sua ideia no btrz@biabrito.com.
Estou aqui, tomando um café lendo o seu texto. Primeiro, quero dizer que há tempos não encontrava formatos de conteúdo tão densos que não fosse em um livro. Você honra o lugar de “há muitas formas de se estar na internet”.
Segundo que: foi um mix de me pegar sorrindo, outrora orgulhosa, sentir desconfortos, admiração e o principal: me ver em vários momentos.
Acredito fielmente que comunicação é pro outro e uma verdadeira arte que convida o outro a participar da história. É lindo, mas vulnerável para um c*rlho! Ai, me lembro das suas palavras que me rasgaram no ano passado: aumenta a dose da emoção, aumenta a dose da vulnerabilidade. E foi exatamente isso que senti quando narrei vários dos sentimentos aqui. É porque suas palavras emocionam.
Amiga, quero dizer que sua alma artista é bálsamo pra nós. E quero dizer que quando li que veio do Ceará e suas origens eu pulei por dentro: OLHA ELAAAAA! E ouvi ao som mental de Ana Vitória, já que você empacota palavras com música: “deixa eu me apresentar que eu acabei de chegar, depois que me escutar, você vai lembrar meu nome (…) é que eu sou de um lugar”
Amo você! So proud
Seu texto chegou em mim por amiga amiga e mentora. Bem no momento em que estou na minha segunda semana de “detox de dopamina”. Me identifiquei com tudo. Uma frase de Jesus adaptada - Precisei calar o mundo para ouvir mais a mim mesma.
Eu já não sabia mais sair da anestesia do conteúdo fácil. Ao desligar, no mesmo dia, já consegui dedicar o meu tempo em que eu realmente queria. Isso é libertador e já tinha esquecido desse sentimento.
Tbm me identifiquei em outro ponto, tbm descobri uma neurodivergencia recente. E percebi que eu “como”informação. E, “comer” conteúdo dessa forma, obrigado, como é o funcionamento das redes, ao rolar, tudo vem “goela a baixo” é uma violência para quem absorve com maior intensidade em vários sentidos.
- e começo a pensar, será que eu gostaria de consumir tudo isso? Será que quero deixar a vida das pessoas entrarem e me afogarem dessa forma? Fiz os mesmos questionamentos que vc fez. Ainda não tenho todas as respostas, mas a resposta do corpo, da mente, eu ja senti, preciso até de mais tempo, para poder ter ainda mais conexão cmg.
Estou amando esse período. Ia ser mais curto, porém to sentindo tanta satisfação, que ainda não sei qdo voltar. Vou deixar fluir mais um pouco e aproveitar esse “retiro”. Obrigada por compartilhar. Eu senti cada palavra , na alma.