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Amei o formato de áudio, quase um podcast! E gostei demais dessa ideia de "liberdade cognitiva", fui pesquisar - não conhecia o conceito!

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Eu adorei gravar, como um espaço livre pra comentários da edição. Talvez implemente sempre 😂

Sobre a liberdade cognitiva: tô bem intrigada com esse tema ultimamente, Fe! E tenho associado a outros temas e inquietações que tenho sentido na relação criação X redes sociais etc. É interessante.

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Sep 20Liked by BIA BRITO

Bia, quando vi a sua mensagem na caixa de entrada, a ideia era dar uma olhada rápida e depois voltar para ler com mais calma. Mas seu áudio fez ficar. Fiquei curiosa para saber o que vinha e chegou como um alento em meio a correria do dia (e que bom!).

Acho que unir a escrita e a voz em uma newsletter é uma ideia super bacana e torna esse espaço ainda mais valioso - o que do meu ponto de vista de leitora (e agora, ouvinte kk) envolve profundidade de conteúdo, mas também conexão, através das suas histórias e perspectivas.

Sobre o seu prefácio, queria dizer que adorei a parte sobre "autonomia cognitiva". Penso que, diante de tantos conteúdos prontos/mastigados pelo algoritmo e entregues rapidamente para nós, exercemos cada vez menos o nosso senso crítico e reflexão. Sob a pretensa justificativa da "comodidade" e da "eficiência" (não só nas redes sociais, mas em outras plataformas e aplicativos) colocamos em xeque a nossa própria capacidade de refletir e prestar, de fato, atenção ao que fazemos.

Às vezes, em questão de segundos, lemos e ouvimos tantos conteúdos de forma conjunta, mas fico pensando: o que de fato agrega? O que é relevante? Será que realmente estamos absorvendo todas essas informações? Possivelmente, não...

Por isso, interessante pensar sob esse viés da autonomia cognitiva, para assumirmos mais responsabilidade e intencionalidade pelo que consumimos e pela forma como consumimos. Para que espaços como esse, no qual conseguimos encontrar mais calma, profundidade e presença, possam prevalecer.

Muito obrigada por compartilhar suas reflexões/coletâneas e tornar possível esse espaço para todos nós aqui!

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Duda, adorei o ponto que tu trouxe sobre colocarmos em xeque a nossa própria capacidade de refletir e prestar atenção ao que fazemos. De exercitarmos cada vez menos o nosso senso crítico. Assumir a responsabilidade diante desse cenário, entendendo o que está no nosso controle para agir, talvez seja um caminho possível.

Obrigada eu pelo tempo que tu tirou pra contribuir ainda mais nesse diálogo ♡

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Sep 21Liked by BIA BRITO

Uma vez me perguntaram: por que você lê livros em inglês, em português e em espanhol? Qual o critério na escolha da linguagem? —Simples, se o autor está vivo, eu vou no YouTube, pesquiso ele, escuto como fala, gestos, tom de voz, mannerisms, logo volto ao livro e leio imaginando ele conversando comigo.

Foi a experiência que recebi ao ler a newsletter iniciando com o áudio. Muito obrigada pela experiência e pela generosidade em compartilhar tanta coisa legal que sem dúvida irá ampliar nossos repertório ✍🏻🖤

Esse sábado vai ser uma delícia visitando suas recomendações.

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Eu adorei tua perspectiva sobre a escuta, Fabi!

Obrigada por dividi-la! Seguirei gravando ♡

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Sep 22Liked by BIA BRITO

Eu tenho me sentido perdido com tantos ruídos ultimamente.

Vou adotar esse termo (liberdade cognitiva) e me deixar procurar mais pelas coisas que gosto como eu fazia antes.

Essa sua forma de refletir sobre algoritmos me trouxe uma luz sobre o quanto meus próprios gostos tem ficado no escuro por muito tempo.

Parece besteira, mas já faz um bom tempo que não escuto um álbum inteiro. Consegui fazer isso hoje com a sua indicação.

Valeu por trazer seus pensamentos e falar abertamente como tem visto as coisas. Eu desejo que muitas pessoas consigam te compreender, Bia.

Suas reflexões me fizeram lembrar do texto “Alegoria da Caverna”.

Vou colocar o texto aqui embaixo. Acredito que vale a pena a leitura.

Texto: A alegoria da caverna

Livro: A República - por Platão

Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo.

Glauco: Entendo

Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que carregam todo o tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material. Provavelmente, entre os carregadores que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam.

Glauco: Estranha descrição e estranhos prisioneiros!

Sócrates: Eles são semelhantes a nós. Primeiro, você pensa que, na situação deles, eles tenham visto algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vizinhos que o fogo projeta na parede da caverna à sua frente?

Glauco: Como isso seria possível, se durante toda a vida eles estão condenados a ficar com a cabeça imóvel?

Sócrates: Não acontece o mesmo com os objetos que desfilam?

Glauco: É claro.

Sócrates: Então, se eles pudessem conversar, não acha que, nomeando as sombras que vêem, pensariam nomear seres reais?

Glauco: Evidentemente.

Sócrates: E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não acha que eles tomariam essa voz pela da sombra que desfila à sua frente?

Glauco: Sim, por Zeus.

Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.

Glauco: Não poderia ser de outra forma.

Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e curados de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras.

Sócrates: E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?

Glauco: Sem dúvida alguma.

Sócrates: E se o tirarem de lá à força, se o fizessem subir o íngreme caminho montanhoso, se não o largassem até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, chegando à luz, com os olhos ofuscados pelo brilho, não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros.

Glauco: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos primeiros momentos.

Sócrates: É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.

Glauco: Sem dúvida.

Sócrates: Finalmente, ele poderá contemplar o sol, não o seu reflexo nas águas ou em outra superfície lisa, mas o próprio sol, no lugar do sol, o sol tal como é.

Glauco: Certamente.

Sócrates: Depois disso, poderá raciocinar a respeito do sol, concluir que é ele que produz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que é, de algum modo a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.

Glauco: É indubitável que ele chegará a essa conclusão.

Sócrates: Nesse momento, se ele se lembrar de sua primeira morada, da ciência que ali se possuía e de seus antigos companheiros, não acha que ficaria feliz com a mudança e teria pena deles?

Glauco: Claro que sim.

Sócrates: Quanto às honras e louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria depois, acha que nosso homem teria inveja dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria antes, como o herói de Homero, que mais vale “viver como escravo de um lavrador” e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá?

Glauco: Concordo com você. Ele aceitaria qualquer provação para não viver como se vive lá.

Sócrates: Reflita ainda nisto: suponha que esse homem volte à caverna e retome o seu antigo lugar. Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos ofuscados, ao vir diretamente do sol?

Glauco: Naturalmente.

Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?

Glauco: Sem dúvida alguma, eles o matariam.

Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a idéia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.

Glauco: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.

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Tito, obrigada pelo tempo dedicado a me escrever e contribuir com nossa troca aqui. E pela Alegoria da Caverna.

Seguimos!!

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Tirar um momento para ouvir música, só para senti-la, é algo essencial no meu dia. atualmente não tenho conseguido ouvir álbuns inteiros durante a semana, mas aos fins de semana dá e é ótimo. Um álbum que quero te indicar e que conversa com suas reflexões é o "las letras ya no importan" do Resident. Que álbum! 313 (uma homenagem a uma amiga que faleceu ), Bajo los escombros (sobre a resistência palestina) e René (sobre a história dele e sua vontade de voltar ao momento em que não era tão famoso e viver o que de fato importa) são minhas faixas preferidas. Adorei saber que há um grupinho que ainda busca saber a história das musicas, o que a inspirou e representa para o artista. Dia desses até gravei um story revoltada com o "tiktok" que viralizou "balada de gisberta" como uma musica de superação e amor próprio, quando é a música/denúncia/história de gisberta, mulher trans assassinada por um grupo de adolescentes, usam a música e sobrepõem a história dos outros apenas para inflar o ego (ainda não superei kkk).

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Aaaaaaa Hannah, adorei a indicação desse álbum. Fiquei curiosa pra conhecer e vou fazer isso! Obrigada 🤍

Clube dos curiosos pelas histórias: presente!

Seguimos viviiiiíssimos. Que bom nos encontrarmos por aqui.

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Sep 23Liked by BIA BRITO

Adorei o áudio de introdução, eu que amo podcasts, já queria um seu! Petição para uma edição exclusiva sobre essa tal "liberdade cognitiva". Recomendo a leitura da entrevista da filósofa estadunidense Shoshana Zuboff pro jornal português Expresso, ela é autora do livro “A Era do Capitalismo de Vigilância” e aparece naquele documentário “O Dilema das Redes” também.

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Um podcast seria lindo demais. Por enquanto a gente vai mandando prefácios em formato de áudio e elaborando mais um pouco. O retorno quanto a esse tema me surpreendeu, confesso! Gostei muito da tua indicação, vou buscar a entrevista certamente!

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Obrigada, Hanna!

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Só consegui vir aqui hoje comentar essa última News. Adorei o formato de áudio. Parece aquela troca que fazemos com amigos por WhatsApp.

Sobre a “liberdade cognitiva” indica alguma leitura no assunto, Bia?

E preciso dizer que tô apaixonada no álbum do Jota Pê. Minha preferida foi “Caminhos”. Obrigada pela indicação!

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Esse álbum do Jota.pê é muuito apaixonante!! Feliz que tu gostou!

O objetivo do álbum era mesmo como quem envia pra um amigo. Objetivo alcançado sucesso :)

Não tenho indicação específica, estou navegando por esse tema pela internet (google mesmo). Se tiver algo específico, vou trazer!

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Aproveito para indicar o episódio 260 do podcast Obvious que saiu essa semana

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Oba! Obrigada :)

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